Monday, September 17, 2007

Reforma Ortográfica

http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u321371.shtml


Brasil se prepara para reforma

ortográfica






DANIELA TÓFOLI

da Folha de S.Paulo





O fim do trema está decretado desde dezembro do ano passado. Os dois
pontos que ficam em cima da letra u sobrevivem no corredor da morte à
espera de seus algozes. Enquanto isso, continuam fazendo dos desatentos
suas vítimas, que se esquecem de colocá-los em palavras como freqüente
e lingüiça e, assim, perdem pontos em provas e concursos.



O Brasil começa a se preparar para a mudança ortográfica que, além
do trema, acaba com os acentos de vôo, lêem, heróico e muitos outros. A
nova ortografia também altera as regras do hífen e incorpora ao
alfabeto as letras k, w e y. As alterações foram discutidas entre os
oito países que usam a língua portuguesa --uma população estimada hoje
em 230 milhões-- e têm como objetivo aproximar essas culturas.



Não há um dia marcado para que as mudanças ocorram --especialistas
estimam que seja necessário um período de dois anos para a sociedade se
acostumar. Mas a previsão é que a modificação comece em 2008.



O Ministério da Educação prepara a próxima licitação dos livros
didáticos, que deve ocorrer em dezembro, pedindo a nova ortografia.
"Esse edital, para os livros que serão usados em 2009, deve ser fechado
com as novas regras", afirma o assessor especial do MEC, Carlos Alberto
Xavier.



É pela sala de aula que a mudança deve mesmo começar, afirma o
embaixador Lauro Moreira, representante brasileiro na CPLP (Comunidade
de Países de Língua Portuguesa). "Não tenho dúvida de que, quando a
nova ortografia chegar às escolas, toda a sociedade se adequará. Levará
um tempo para que as pessoas se acostumem com a nova grafia, como
ocorreu com a reforma ortográfica de 1971, mas ela entrará em vigor aos
poucos."



Tecnicamente, diz Moreira, a nova ortografia já poderia estar em
vigor desde o início do ano. Isso porque a CPLP definiu que, quando
três países ratificassem o acordo, ele já poderia vigorar. O Brasil
ratificou em 2004. Cabo Verde, em fevereiro de 2006, e São Tomé e
Príncipe, em dezembro.



António Ilharco, assessor da CPLP, lembra que é preciso um processo
de convergência para que a grafia atual se unifique com a nova. "Não se
pode esperar resultados imediatos."



A nova ortografia deveria começar, também, nos outros cinco países
que falam português (Portugal, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor
Leste). Mas eles ainda não ratificaram o acordo.



"O problema é Portugal, que está hesitante. Do jeito que está, o
Brasil fica um pouco sozinho nessa história. A ortografia se torna mais
simples, mas não cumpre o objetivo inicial de padronizar a língua", diz
Moreira.



"Hoje, é preciso redigir dois documentos nas entidades
internacionais: com a grafia de Portugal e do Brasil. Não faz sentido",
afirma o presidente da Academia Brasileira de Letras, Marcos Vilaça.



Para ele, Portugal não tem motivos para a resistência. "Fala-se de
uma pressão das editoras, que não querem mudar seus arquivos, e de um
conservadorismo lingüístico. Isso não é desculpa", afirma.




Marcelo Corrêa e Editoria de Arte / Folha Imagem



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